instituto projetos ambientais, em revista

A justiticativa inexata de um projeto que não se sustenta - entenda melhor Belo Monte

O pior erro (em um projeto) é aquele cheio (!) de boas intenções



Exemplo de um mega projeto que colocou em debate grande parte da vanguarda sociambientalista do país, e também inflamou a comunidade índigena, que ainda está às avessas com o projeto. Não houe justiça, nem Direito Ambiental, nem liminar nenhuma que conseguisse segurar Belo Monte - pelo menos até aqui.

Os dados são da reportagem "Quem paga a conta de Belo Monte?" da Revista Caros Amigos Especial.

Os índios repudiam o projeto de Belo Monte e também muitos técnicos, juristas e especialistas em planejamento e gestão ambiental. Vejamos por que.

Ao contrário do que brada o governo do Brasil, não foram apenas os índios, ONGs e diretores de Hollywood que apontaram equívocos e pontos absolutamente inconfiáveis na obra. O projeto despertou oposição entre vários engenheiros, das mais importantes universidades brasileiras. Entenda-se.

O projeto da Usina de Belo Monte corresponde ao antigo projeto de construção da Usina Kararaô; em proposta elaborada durante a ditadura militar, no que seriam seis barragens no Rio Xingu, num dos maiores complexos hidrelétricos do mundo. Em 1980 quando a proposta foi divulgada houve uma reação muito forte dos indígenas e muitos ainda se lembram de uma imagem de 1989 onde a índia kayapó Tuíra intimidou duramente com um facão o engenheiro José Antônio Muniz - durante uma reunião com os grupos índigenas.

Kararaô foi arquivada na época e décadas depois revive como Belo Monte. Segundo o governo o projeto remodelado reduz os impactos ambientais. Todavia, um trecho de 100 quilômetros de curva do rio, conhecido como Volta Grande, terá sua vazão reduzida em grande escala.

"O Rio Xingu, base da vida dessas populações vai viver um processo de ressecamento constante. No verão, o rio abaixa muito e, com essa obra, a Volta Grande vai viver um verão eterno. Vai impedir navegabilidade, inviabilizar pesca. Um desastre", alerta a biológa Renata Pinheiro na reportagem da Revista Caros Amigos.

O pesquisador Francisco Hernandez do Instituto de Eletrotécnica da Universidade de São Paulo explica; "Quanto à segurança hídrica, é um projeto equivocado. A natureza vai ser drasticamente alterada. Não há compensação que resolva isso." "Gerará um comprometimento aos modos de vida e à biodiersidade da região, porque diminuirá a oferta de água na Volta Grande." Hernandez coordenou um painel de 40 especialistas para fazer uma análise independente sobre Belo Monte.

O segundo problema da obra é o potencial energético. A usina foi anunciada como a "salvação do país" em geração de energia. Mas isso só é verdade durante uma parte do ano, na cheia do rio. Na maioria dos meses a energia produzida equivale à de uma hidrelétrica bem menor, como a de Jirau, em Rondônia (4,5 megawatts). Para driblar esse 'desperdício', a solução seria construir outras barragens, o que significa retornar ao projeto original de Kararaô. O governo nega de pés juntos que isso não será feito. Porém a maior desconfiança, é que o governo esteja escondendo sua intenção de lidar, daqui a alguns anos, com a tática do fato consumado. Ou seja, quando a Usina gigante estiver construída - precisará ser otimizada. "Era o plano tão combatido nos anos 70 e 80", destaca Renata Pinheiro.

O terceiro questionamento recai sobre o o dinheiro do contribuinte. A obra foi orçada em R$ 19 bilhões. Até 80% desse valor poderá ser financiado pelo BNDES - Banco Nacional de Desenolvimento Econômico e Social. O consórcio vencedor e outras empresas - terá desconto de 75% no Imposto de Renda por dez anos. Os investidores terão prazo de 30 anos para quitar o empréstimo concedido a juros descrescentes. Contudo, os investidores já estimam um aumeto de R$ 11 bilhões no custo da obra, uma vez que seus valores não consideram dificuldades da construção. "Ninguém pode afirmar a viabilidade de algo que até hoje não se tem a menor certeza do custo total do investimento", alerta Oswaldo Sevá, engenheiro da Universidade Estadual de Campinas e estudioso do do projeto de Belo Monte há 22 anos. (...)

Outro ponto questionável do discurso a favor de Belo Monte é a geração de empregos na região. Segundo o governo, 18 mil empregos diretos, além de 23 mil indiretos. O que não se diz é que o benefício é temporário e, que ao final de dez anos, menos de 4% estarão empregados. "O que isso vai gerar? Violência. Com essa massa sem ocupação vai aumentar desmatamento, extração ilegal de madeira, invasão de áreas protegidas", diz Renata Pinheiro.

Toda a discussão técnica é agravada pela negligência com o direito das populações tradicionais. As consultas formais a eles estão previstas na Convenção 169, da Organização Internacional do Trabalho (OIT). já ratificada pelo Brasil. A Fundação Nacional do Índio (FUNAI) alega que as consultas foram realizadas, mas não é o que têm declarado as diversas lideranças índigenas. Para piorar, em Setembro de 2009, a fundação também emitiu parecer favorável à obra, desconsiderando os prostestos dos índios.


Veja a matéria completa:

Revista Caros Amigos Especial ano XIV número 51 outubro de 2010

 Belo Monte só sai mais barato que outras alternativas porque há um custo oculto na obra. Para justificar a usina, o governo tem comparado a hidroeletricidade com energia eólica. Segundo números  apresentados, para se produzir a capacidade de Belo Monte com energia eólica, seriam necessários R$ 30 bilhões, isto é, 10 bilhões a mais do que a usina. Uma bela economia, se o governo não deixasse de computar os danos causados a milhares de brasileiros, à biodiversidade, além de poder se tornar um modelo ambiental justo em matriz energética. Além é claro dos custos embutidos na usina, que pelo visto irão ultrapassar os R$ 30 bilhões da energia eólica.

Um belo monte de problemas para a história ambiental brasileira.

Este é um exemplo de um projeto ineficiente e contrário à Sustentabilidade.
A Tecnologia eólica, como mostra a foto, resolveria a questão sem delongas.

Foto campo eólico obtida no blog Ecoterraqueos.

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O sol está se pondo no Rio Xingu, de maneira triste, e pelo momento tão avançado da história, o homem demonstra que ainda não quer a tecnologia limpa - em favor de grupos hegemônicos do poder ainda feudal.

O Blog Projetos Ambientais sauda os índios do Rio Xingu.
VIVA O ÍNDIO DO XINGU! Sua sabedoria ainda está longe da alma caótica do homem branco.
A luta ambiental por projetos de qualidade é oportuna e intensa.

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