instituto projetos ambientais, em revista

Raoul Veinegem - um pouco do seu pensamento sistêmico-humano


O primeiro contato com os textos e linguagem de Raoul Vaneigem foi em 2006. Antes tarde que nunca, claro. Ideias fortes e centradas num movimento social-ambiental em torno da descaracterização da mão de obra sem sentido sistêmico e humano.

Vaneigem em seus textos extrapola a valorização humana como o sentido imprenscíndivel da existência. Dialoga com o leitor convencendo-o a criar uma oportunidade existencial.

Em seu livro "A Arte de Viver para as Novas Gerações", publicado em 1967, todos os pilares desta sociedade (movimento Internacional Situacionista) são questionados. A inversão da perspectiva foi sistematicamente exposta como o momento em que a subversão constrói um novo mundo.

"Só podemos compreender este mundo questionando-o como um todo. . . . A raiz da ausência de imaginação dominante não pode ser compreendida a menos que sejamos capazes de imaginar o que falta, isto é, o desaparecido, o oculto, o proibido, e o possível na vida moderna.” (Internacional Situacionista)

Outros textos e um pouco da história que se relaciona com Veinegem podem ser encontrados por aí (só clicar). Pois o pensamento desse filósofo e escritor belga vai muito além do movimento Internacional Situacionista da década de 60.

O contato em Barcelona, numa livraria do Bairro Gótico, foi com o livro "Aviso a los vivos.... - ou - Endereço, sobre a morte viva que governa e a possibilidade de dispor" (tradução aproximada) - clicar para capítulos do livro.

Mais recentemente encontramos em "O Libertário"  uma entrevista por Raoul Veinegem. Aqui oportunamente dividimos o texto traduzido por Hans Ulrich Obrist (com os leitores). Vale dizer que todo o movimento das gerações e a história, consubstancia, e intenciona nos levar a pensar em "Projetos Ambientais" não apenas como (só) a qualidade da água, o clima, os solos e o ordenamento territorial - os critérios e padrões são fundamentais. Mas não há meio ambiente sem a realidade local (econômica), social e humana  - e suas sistemáticas cronológicas - na elaboração de um projeto ambiental.

Por exemplo, não se pode dizer da normalização ambiental sem citar o NEPA (National Environmental Policy Act of 1969). Da mesma forma, o maio de 68 e revolução verde são momentos que agora, neste presente, se mesclam com os propósitos ambientais - que naturalmente são consequencia do comportamento humano frente o uso ao longo do tempo dos recursos naturais.

Sugerimos a entrevista de Raoul Veinegem.

Trechos da entrevista de Hans Ulrich Obrist por Raoul Vaneigem em Agosto de 2009 para a revista e-flux. A entrevista era bastante extensa sendo traduzidas apenas algumas partes relevantes (segundo Hans).

Hans Ulrich Obrist: Acabei de visitar Edouard Glissant [escritor, poeta, romancista, teatrólogo e ensaísta francês] e Patrick Chamoiseau [escritor francês], que escreveram um apelo a Barack Obama. Qual seria o teu apelo ou conselho a Obama?
Raoul Vaneigem: Recuso-me a cultivar qualquer tipo de relação com pessoas de poder. Concordo com os Zapatistas de Chiapas que não querem ter nada a ver nem com o Estado nem com os seus chefes, as máfias multinacionais. Eu proponho a desobediência civil de forma que as comunidades locais possam formar, coordenar e começar a auto-produzir poder natural, uma forma de cultivo mais natural e serviços públicos finalmente libertos dos esquemas do governo quer seja de direita ou de esquerda. Por outro lado, dou as boas-vindas ao apelo de Chamoiseau, Glissant e os seus amigos para a criação de uma existência em que a poesia de uma vida redescoberta coloque um fim ao estrangulamento mortal da mercadoria.[...]

Hans Ulrich Obrist: Escreveste muito sobre a vida, não sobre a sobrevivência. Qual é a diferença?
Raoul Vaneigem: Sobrevivência é vida orçamentada. O sistema de exploração da natureza e do homem, a partir do Neolítico Médio com a agricultura intensiva, causou uma involução em que a criatividade – uma qualidade específica dos seres humanos – foi suplantada pelo trabalho, pela produção de um poder avarento. A vida criativa, como se começou a desenvolver durante o Paleolítico, declinou e deu lugar a uma luta brutal pela subsistência. A partir de então, a predação, que define o comportamento animal, tornou-se o gerador de todos os mecanismos econômicos.[...]

Hans Ulrich Obrist: No seu livro «Making Globalization Work», Joseph Stiglitz defende uma reorganização da globalização no sentido de trazer maior justiça, a fim de diminuir os desequilíbrios mundiais. O que achas da globalização? Como é que nos podemos livrar do lucro como motivação e em vez disso procurar o bem-estar? Como é que nos livramos do imperativo do crescimento?
Raoul Vaneigem: A moralização do lucro é uma ilusão e uma fraude. Tem de haver uma ruptura definitiva com um sistema económico que tem sistematicamente propagado a ruína e a destruição ao mesmo tempo que pretende, por entre a miséria generalizada, produzir um hipotético bem-estar. As relações humanas devem substituir e terminar com as relações comerciais. A desobediência civil significa desrespeitar as decisões de um governo que defrauda os seus cidadãos para apoiar o desfalque do capitalismo financeiro. Para quê pagar impostos ao estado-banqueiro, impostos usados em vão para tentar tapar o ralo da corrupção, quando pelo contrário podemos direccioná-los para a auto-gestão de redes de energia livre em cada comunidade local? A democracia directa de conselhos auto-geridos tem todo o direito de ignorar os decretos da democracia parlamentar corrupta. A desobediência civil a um Estado que nos está a saquear é um direito. Cabe-nos aproveitar esta mudança histórica para criar comunidades onde o desejo pela vida supere a tirania do dinheiro e do poder. Não precisamos de nos preocupar nem com a dívida pública, que encobre uma enorme fraude no interesse público, nem com o artifício do lucro a que eles chamam de “crescimento.” De agora em diante, o objetivo das comunidades locais deve ser o de produzir para si próprias e para si próprias todos os bens de valor social, atendendo às necessidades de todos – necessidades autênticas, isto é, não as necessidades pré-fabricados pela propaganda consumista.

Hans Ulrich Obrist: Edouard Glissant distingue entre globalidade e globalização. A globalização elimina as diferenças e homogeneíza, enquanto globalidade é um diálogo global que produz diferenças. O que achas da sua noção de globalidade?
Raoul Vaneigem: Para mim, deve significar agir localmente e globalmente através de uma federação de comunidades em que a nossa democracia parlamentar desviadora de fundos e corrupta é tornada obsoleta pela democracia direta. Conselhos locais serão criados para tomar medidas que favoreçam o meio ambiente e a vida quotidiana de todos. Os situacionistas chamaram a isto “criar situações que excluam qualquer retrocesso.”[...]

Hans Ulrich Obrist: No seu livro «Utopistics», Immanuel Wallerstein afirma que o nosso sistema mundial está a passar por uma crise estrutural. Ele prevê que serão necessários mais vinte a cinquenta anos para um sistema mais democrático e igualitário substituir este. Ele acredita que o futuro pertence a instituições «desmercantilizadas» e livres de custo (segundo o modelo, digamos, das bibliotecas públicas). Portanto, devemos opor-nos à mercantilização da água e do ar. Qual é a tua opinião?
Raoul Vaneigem: Não sei quanto tempo levará a transformação actual (esperemos que não muito, pois gostaria de a presenciar). Mas não tenho dúvidas que esta nova aliança com as forças da vida e da natureza disseminará igualdade e gratuidade. Devemos ultrapassar a nossa indignação natural pela apropriação lucrativa da nossa água, ar, solo, meio ambiente, plantas e animais. Devemos criar colectivos capazes de gerir os recursos naturais em benefício dos interesses humanos, não dos interesses do mercado. Este processo de reapropriação que eu prevejo tem um nome: auto-gestão, uma experiência tentada muitas vezes em contextos históricos hostis. Neste altura, dada a implosão da sociedade de consumo, parece ser a única solução tanto do ponto de vista individual como social. [...]

Hans Ulrich Obrist: Poderias falar sobre o princípio da gratuitidade (estou extremamente interessado nisso; como curador de museu sempre acreditei que os museus devem ser livres – Arte para Todos, como Gilbert e George o colocam).
Raoul Vaneigem: Gratuitidade é a única arma capaz de despedaçar a poderosa máquina de auto-destruição posta em movimento pela sociedade de consumo, cuja implosão está ainda a libertar, como um gás mortal, mentalidade de sovina, cupidez, ganho financeiro, lucro e predação. Museus e cultura devem ser livres, concerteza, mas também o deviam ser os serviços públicos, actualmente presos aos esquemas das multinacionais e estados. Comboios gratuitos, autocarros, metros, cuidados de saúde, escolas livres, água livre, ar, electricidade, energia livre, tudo através de redes alternativas a serem criadas. À medida que a gratuitidade se espalha, novas redes de solidariedade erradicam o estrangulamento da mercadoria. Isto porque a vida é uma dádiva gratuita, uma criação contínua que a vil especulação do mercado nos priva.

Gastronomia Sustentável

                            SLOW FOOD................................em tupiniquim: a receita da vovó!

- Saber a origem da água que usa; - Consumir alimentos saudáveis e que tenham sido produzidos de forma sustentável; - Respeitar a culinária regional e os produtores;  Ver sobre movimentos em Ecogastronomia


                A algum tempo estamos observando sobre a categoria que intitulamos na chamada de 'Gastronomia Sustentável'. Só agora, agora mesmo, bem recentemente fomos convidados a uma chamada sobre um encontro por alimentação sustentável, que está acontecendo em mais de 120 países. O nome desse movimento é Slow Food - um pouco (ou muito) ao contrário do Fast Food, pela ideia de uma alimentação orgânica, não apenas no método de produzir os alimentos, mas também na forma de se alimentar e pensá-la (a alimentação) dentro da cadeia produtiva e sustentável.

É preciso entender melhor esse lance de sustentabilidade com a conjuntura alimentar. Pois bem!
Os alimentos orgânicos são aqueles produzidos sem o uso de agrotóxicos (venenos ou elementos químicos persistentes na natureza - à ideia de organismo). Esse processo de produzir orgânicos já não é novo no Brasil, apesar de estarem disponíveis no mercado em preço mais elevado (digamos justo) e numa estimativa de que apenas 8 a 10% da população têm acesso a este tipo de alimento.

A produção orgânica (PO) tem melhor qualidade nutricional - sendo em media de 80% da quantidade produzida oriunda da cadeia de agricultura familiar - onde as técnicas de produção também respeitam (em maioria) nascentes, solo e biodiversidade.

Exemplos indicam o Brasil como o maior produtor de açucar orgânico e café orgânico (ou como um dos líderes produtores). Outro exemplo são as hortaliças, que produzidas organicamente, têm melhor aparência, melhor sabor, além de maior durabilidade pós-colheita. A cenoura orgânica na geladeira chega a durar volta de dois meses.

Segundo produtores quando se começa a trabalhar na metodologia de produção orgânica as possibilidades são muitas e cada produto tem características próprias, enfim é um assunto rico, extenso e importante para projetos sustentáveis e sobretudo, para a qualidade de vida, saúde, bem estar, efeitos sociais.
Nota-se que a ciência reconhece que o impacto pelo uso de produtos orgânicos na saúde é pouco avaliado, mas indica ganho de nutrientes (pelas poucas pesquisas que se tem).

"Estudiosos da área de PO sugerem avaliar o impacto da alimentação orgânica em câncer, menopausa, impotência, outros." A legislação brasileira é boa, avançada para produções de maneira agroecológica, afirma grupo de debatedores na VI Semana dos alimentos orgânicos de Minas Gerais.

Surge todavia no mundo, um novo modo de tratar a questão da alimentação: reuniões com Chefs de Cozinha e lideranças grastronômicas ao próposito de liderar um movimento Pró-Sustentabilidade. Recentes entrevistas afirmam por suas lideranças que:

- é preciso consumir um bom produto na cozinha do restaurante ou de casa - mas não basta ser um bom produto se ele desqualifica oportunidades de trabalho, não basta ser bom se usa mão de obra infantil, ou se colabora com impatos severos sobre o meio ambiente e animais;
- não é necessariamente o uso do orgânico como definição (se for orgânico melhor, é a tendência); mas que o produto no seu processo de produção esteja alinhado com a questão social e ambiental, fazendo respeitar as tradições culinárias históricas e regionais (seculares);
- especialmente o Slow Food é uma política de se alimentar - própria e saudável - em desfunção dos efeitos padronizantes do Fast Food.

Também chamada de Ecogastronomia, é uma forma de comer bem e com prazer, saber o que se está usando na alimentação, e que esse alimento não tenha prejudicado o meio ambiente e a biodiversidade, assim como os produtores terem recebido um preço justo pela produção.
A ideia ao nosso entender já vem sendo embrionada desde a febre, que agora tomou vulto, dos transgênicos (aqueles alimentos produzidos a partir de organismos geneticamente modificados: mais resistentes a maiores dosagens de venenos).

A Missão do Slow Food Brasil (so clicar) é desenvolver atividades que visam defender a biodiversidade, divulgar a educação do gosto 'paladar' e unir aos co-produtores aqueles que têm produtos de excelência.

Uma sugestão elementar, básica mesmo, e pouco feita no Brasil é:
- Ler atentamente o rótulo dos produtos nas prateleiras de supermercados ou analisar com seu fornecedor a origem do produto que vai consumir - como é produzido - se no método convencional ou orgânico.
Leia e releia a origem do arroz, feijão, óleo (azeite), verduras, carnes, açucar. Os efeitos cumulativos de alimentos não saudáveis sobre a saúde humana existem, isto é um fato. Além dos efeitos diários sobre a qualidade de vida.

Coma Bem!

A ideia do movimento não é algo novo, apenas assumiu corpo e voz. O que é importante, oportuno, essencial para alertar consumidores do mundo todo.
Mas vai além disso, propõe uma vida mais simples, saudável, tranquila e cheia de prazeres que podem começar com a paz que se alcança ao saber o que se está comendo e bebendo.

Portanto, a ideia básica para iniciar uma gastronomia saudável pode começar pela água.
A água que você usa é boa?
Comece assim, entenda sua água, e vá caminhando em alimentos por vez.
E não se esqueça de ler os rótulos dos produtos que consome.
- Saiba mais sobre os movimentos pró-alimentação e,
- Respeite a culinária regional e a forma histórica de produzir alimentos menos poluídos.

Como se fala em italiano: "Mangia che te fa bene! "
Meglio (melhor): "Mangia bene che te fa pio bene"

Ciao!

ps: se liga nessa. (attenzione alla buona alimentazione)

"The Cove" foi o filme premiado pela Academia em 2010 na categoria 'documentário'. Será 2011 a vez do Brasil levar a estatueta com "Lixo Extraordinário"?



"The Cove" foi premiado com o Oscar em 2010 - historicamente oportuno ao tema ambiental, já que escancara a mortandade de golfinhos. Parece ter sido difícil de ser produzido e as imagens foram silenciosas até o lançamento. Veja o trailer que está em inglês (original) pela melhor qualidade.

Sugestão para assistir.

Será que em 2011 outro documentário ambiental poderá ser premiado pela Academia?
O Brasil está em torcida, visto que é uma outra dimensão de documentário ambiental, à ênfase humana e na economia de subsistência.
Esperemos 25 de Janeiro (próximo).

Eugene Odum (1913-2002) ------------------------------------- entrevista




Eugene Odum estudou ecossistemas pelo mundo inteiro, deixando um imenso legado em diversos campos associados a ecologia, aos sistemas, e a energia, e construiu caminho no estudo de diversas áreas, algumas que são agora campos de pesquisa distintos. Odum desvendou a "Ecologia de Paisagens" pelo próprio instinto científico que possuia, partindo a compreender os ecossistemas, e como isto não bastasse, quis decifrar o meio que sustenta as espécies, defrontando na intricada cadeia que se interage pelas trocas de fluxo e matéria, indo além, ao macrocosmos do mundo!

Obras essencias de Eugene Odum:

• Fundamentals of Ecology

• Modelar Ecological (Odum 1960a);

• Engenharia Ecological (Odum e outros. 1963);

• Economia Ecological (Odum 1971);

• Ecology Estuarine (Odum e Hoskins 1958);

• Ecology tropical dos ecosystems (Odum e Pidgeon 1970);

• Teoria geral dos sistemas.

Odum escreveu também sobre ecologia da radiação, ecologia dos sistemas, ciência unificada, e microcosmos. Era um dos primeiros a discutir o uso dos ecossistemas para vida-suporte na função do curso de espaço.
Alguns sugeriram que Odum era tecnocrata na sua orientação, quando outros acreditavam que tomava o partido daqueles a que se chama para “valores novos.”

Em 1950 Odum deu uma definição para a história da ecologia como o estudo de entidades grandes (os ecossistemas) “no nível natural da integração” (em seu Ph.D. ou Tese). Daqui, no papel tradicional de um ecólogo, um dos alvos doutorais de Odum foi reconhecer e classificar entidades cíclicas grandes (ecossistemas). Entretanto outros de seus alvos eram fazer generalizações preditivas sobre ecossistemas, tais como o mundo inteiro por exemplo. Para Odum, como uma entidade grande, o mundo constitui um ciclo contínuo revolvendo com elevada estabilidade. Era a presença da estabilidade que, Odum acreditava, permitia lhe falar sobre o funcionamento de tais sistemas. Além disso, na altura de escrever sua tese, Odum sentiu que o princípio de seleção natural era mais do que empírico, porque teve uma lógica, oriunda de “um componente do tempo excedente da estabilidade”. E como um ecólogo interessado no comportamento e na função do tempo excedente das entidades grandes, Odum procurou consequentemente dar uma indicação mais geral da seleção natural, de modo que fosse ingualmente aplicável às entidades grandes; porque eram as entidades pequenas já estudadas na biologia tradicional.

Daí Odum teve também o alvo de estender o espaço e a generalidade da seleção natural, para incluir entidades grandes tais como o mundo. Esta extensão confiou na definição da entidade como uma combinação das propriedades que têm alguma estabilidade com tempo. A aproximação de Odum estimulou sobre a evolução energética. Odum é na atualidade uma das referências essenciais no estudo da ecologia e das integrações ambientais.


  E  N  t  r  e  V  I  S  t  A                                                                                                     

Tradução da entrevista efectuada por Daniel Edelstein a Eugene Odum, publicada em 27 de Outubro de 2000 em BioMedNet (www.bmn.com)


Daniel Edelstein (DE) – Como se descreve a si próprio?

Eugene Odum (EO) – Sou um ávido ecologista e ambientalista

DEO que é que em primeiro lugar o inspirou para se dedicar ao seu campo de trabalho?

EO – Na pequena cidade onde cresci podia-se sair de casa e entrar imediatamente na floresta. Assim, em criança, interessei-me por aves. Inspirava-me identificá-las e estudar os seus cantos e chamamentos. Depois de conhecer todas as aves, passei a questionar-me sobre o ambiente em que viviam. A ecologia da paisagem em que viviam intrigava-me.

DE Porque pensa que fez tantos avanços durante a sua carreira?

EO – Porque fui capaz de ver os sistemas numa perspectiva “do todo”, em vez de ver só as partes. Olhei para as grandes questões juntando todas as peças do “puzzle”.

DEO que é que gosta acerca do seu trabalho?

EO – Não é unicamente excitante explorar o mundo. É bom ter a sensação de contribuir um pouco para esse mundo, sendo um professor, educando.

DEO que é que não gosta no seu campo de pesquisa?

EO – Arranjar financiamento é actualmente difícil. Um dos aspectos mais duros na minha profissão é ter de escrever propostas para receber dinheiro para a investigação.

DEHá aspectos que alteraria?

EO – Não mudaria nada!

DEQual foi a sua primeira experiência científica?

EO- Foi o estudo da ecologia de uma parcela de terreno depois de ser fertilizada, observando as consequentes alterações.

DEQuais foram os resultados da sua primeira experiência?

EO – Bons!

DEComo é que essa experiência aumentou a sua maturidade como cientista?

EO – Ensinou-me que para verificar se algo é verdade, tem que se fazer um bom teste. Aprendi que não podia aceitar a teoria simplesmente, mas que tinha que testá-la.

DEComo eram os seus professores de ciências no liceu?

EO – Tive um professor de física que era bastante exigente.

DEIsso inspirou-o?

EO – Sim, no sentido de que aprendi que nada se consegue facilmente.

DE - Qual é o seu maior motivo de orgulho?

EO – Os livros que publiquei, incluindo “Fundamentos de Ecologia”, que originalmente não tinha mercado porque nessa época não havia cursos de ecologia. As coisa mudaram, claro, e o meu livro ainda é utilizado.

DE Qual é o seu conselho para um jovem cientista?

EO – Seja o que for que te dá prazer fazer, vai em frente e fá-lo. Faz aquilo que te inspirar.

DEEm que áreas pensa que precise, você próprio, de conselhos?

EO – Em trabalhar arduamente e aceitar desafios.

DEO que seria se não fosse cientista?

EO – Seria canalizador.

DEPorquê?

EO – Eu era tímido quando era jovem, e gostava de saber como é que as coisas funcionavam em conjunto. Tal como na ecologia, notando como as coisas interagem.

DEQual o cientista da História que gostava de conhecer?

EO – Aldo Leopold, o ecologista e escritor.

DEO que lhe perguntaria?

EO – Perguntar-lhe-ia porque é que ele não publicou mais livros, incluindo um estritamente dedicado à ética da terra, desenvolvendo este tema para além das suas ideias iniciais expressas em “The Sand County Almanac”.

DEQual o cientista vivo que mais admira?

EO – Lynn Margulis, professor da Universidade de Massachusets.

DEQual foi a maior descoberta científica no século XX?

EO – A estrutura do DNA.

DE Porque essa?

EO – Porque abriu novas oportunidades para muitos campos de investigação e porque levantou novas perguntas sobre a questão de até onde queremos “brincar a ser Deus”, digamos assim.

DEQuais serão as grandes descobertas deste século?

EO – A maneira de desenvolver uma fonte de energia renovável que passe a integrar o nosso programa energético.

DEQuais os objectivos de investigação que os cientistas devem impor a si próprios?

EO – Manterem-se focados e serem persistentes.

DE Como é que a Internet influenciou o que faz para além de lhe proporcionar o e-mail?

EO – Não usei muito a Internet, mas um livro em que estou a trabalhar pode vir a ser publicado “on-line” e vendido através da Internet.

Agenda Ambiental Brasileira



 
         O grupo de profissionais brasileiros, atuantes na área de Meio Ambiente, Recursos Naturais, Biodiversidade e Sustentabilidade aguardam e defendem uma agenda ambiental para o pleito 2011-2014. O processo político, para projetos, estará adequado ao planejar um Agenda Ambiental.

Agenda Ambiental esta, clara e objetiva para o delineamento de Novos Projetos para o período de um futuro próximo.

Não existe conservação e planejamento sustentável que não tenha uma pauta sistemática.
O absurdo deflagrado pelo grupo de políticos culmina 2010 com a insistência adiada de alterar o Código Florestal - dando anistia a desmatadores e descacterizando o conceito de "Bacia Hidrográfica" arduamente inserido no contexto profissional do Brasil a partir da Resoluções Conama 01/86, 237 e em 1997 pela Lei 9.433 sobre a Política Nacional de Gerenciamento Inrtegrado dos Recursos Hídricos.

A Bacia Hidrográfica é um conceito que na realidade do Brasil vem da Agronomia, usando-se no início o termo "Micro Bacias Hidrográficas" então como divisão espacial so território e como unidade de referência para projetos agrícolas.

Todavia a agricultura subversiva deseja implementar no conceito profissional o conceito de Bioma - nesta oportunidade de defesa de anistia para desmatadores.
Vale lembrar que existem conceitos e vários tipos de agricultura no Brasil.
Ao caso de sugestionarmos apenas a ocupação de novos territórios; Enquanto no Brasil a Embrapa - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária é uma instituição sólida e com várias pesquisas avançadas em tecnologia para a agricultura e agropecuária.
Os estudos e pesquisas da Embrapa ainda tem dificuldade de alcance à massa de produtores e empresários do setor de agronegócios.

Vale dizer todavia, que a discussão ao redor de novos paradigmas em integração da agricultura e meio ambiente são o que de mais oportuno pode traduzir produtos com maior valor agregado.

A agricultura convencional está discutindo a 'vírgula' da questão ambiental, insistindo em preconizar modelos antigos e retrográdos na evolução sustentável da agricultura.
A agricultura pode ampliar-se por caminhos preservacionistas e com projetos associados ao tema ambiental - ampliar seus subsídios, propor novos programas, produzir com tecnologia limpa, usar métodos de menor impacto ambiental, buscar apoio para a consolidação das leis ambientais.

Mas, continuar a mesma agricultura de 30 anos atrás e dizer que agora o pequeno produtor é o mais prejudicado pelas leis ambientais é apelar para a 'vírgula da questão ambiental'.

Tem uma expressão no idioma português usado no Brasil, que diz durante a brincadeira entre crianças assim:
"apelou perdeu". Ou seja, entre crianças se está divertindo pela melhor qualidade de vida.
Esta agricultura que está brigando pela anistia a desmatatodores em tempos de sérias mudanças climáticas, na menor possibilidade está "apelando". O que quer dizer 'passando dos limites!'

Esta agricultura que defende a anistia de desmatadores está como aquele adulto (pai e mãe) que ao dar o melhor exemplo e maior conforto às crianças, defendendo-as - na verdade estão representando o 'adulto' que na brincadeira com a criança 'só quer ganhar'.

O adulto que só quer jogar com as crianças para poder exarcebar seu poder frustado e ganhar mais e mais.
O adulto que deveria abrir mão do conhecimento tecnológico para garantir maior produção de alimentos para condições ambientais ainda melhores para as crianças do futuro.

"Apelou, perdeu!"

PS: e isto não é um caso clínico de psicologia ambiental?

------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Estamos aguardando a Agenda Ambiental Brasileira - para que o processo tecnológico e a evolução da ciência e pesquisa não deêm lugar ao oportunismo capital cego - que em lugar de uma evolução deliberada e raciocinada postulem fragmentos humanos que ainda estão no instinto primata logrando maneiras mais caras de usar a natureza.

------------------------------------------------------------------------------------------------------------

A próxima reunião do Clima está próxima, acontecerá no México na transição deste mês para Dezembro. Depois do fracasso de Copenhague o que podemos esperar para Cancún? A poisção profissional e cidadã de cada um de nós pode ser a tônica ambiental - como foi durante o processo político brasileiro.

"Sustentabilidade é sim defender o Meio Ambiente."
Não tenha preconceito ambiental. Qualquer forma de terminologia que traga em si alguma forma de preservação ou dimunição de impactos ambientais se associam ao Desenvolvimento Sustentável.
Se trata de um desafio imenso e complexo.

------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Qual a postura do Brasil em Cancún?
Mostraremos como alcançar metas de redução nas emissões e Carbono?
Qual o projeto ambiental brasileiro para os próximos quatro anos?
Qual o projeto ambiental brasileiro para os Índios e para as etnias minoritárias?

PS: Existem projetos ambientais em macro, meso e micro escalas. Desenvolver um projeto ambiental é integrar a questão humana e econômica aos propósitos mais amplos da cadeia ecossistêmica, reconhecendo que os efeitos causais de ações isoladas podem interferir em respostas causais desastrosas e por vezes irreverssíveis. Na natureza não existe dimensão fragmentada do cosmo ambiental integrador como o clima e as integrações de águas no processo hidrológico aos usos e sobrevivências humanas e de seres vivos. O nexo causal da extinção de uma espécie é um sinalizador sério para a evidência de que a espécie humana está se isolando do processo natural. Assim como não existe ambientalista e profissional que só atua no Desenvolvimento Sustentável. Quem defende a Sustentabilidade, mais ou menos, direta ou tangencialmente defende os recursos naturais e seu uso adequado e para todos, especialmente ao futuro.

Bom final de semana!

Viva os Índios do Brasil! - bravura ancestral nas terras tropicais



Não são boas as notícias sobre os índios do Brasil, mas são marcadas por coragem, bravura e uma luta incansável diante do pouco avanço político nos projetos aplicados aos seus direitos e culturas.

"A matéria da Revista Caros Amigos - especial, traz o título da foto, delatando um genocídio surreal. Diz respeito aos Guarani-Kaiowá (Estado do Mato Grosso do Sul) - e escrita pelos jornalistas Joana Moncau e Spensy Pimentel."

Já no início da matéria um choque pela informação "Imagine um lugar onde as pessoas TÊM EXPECTATIVA  DE VIDA INFERIOR À DE PAÍSES AFRICANOS EM GUERRA, onde a taxa de assassinatos é semelhante à dos bairros mais violentos das metrópoles como São Paulo e Rio de Janeiro, e onde (pasmem) as taxas de suicídio estão entre as maiores do mundo"

E esse lugar é a terra onde você nasceu, mas que lhe foi tirada a força por grupos alheios e com o apoio do governo do seu país (...)

A caótica situação dos Guarani-Kaiowá está em evidência no país e sendo destaque na midia internacional. Na transição do atual governo populista do Brasil, o Presidente da República está sob o desafio de apresentar um projeto para a situação das populações indígenas, ou o país completará dezessete anos, e mais de "Quatro Mandatos Presidenciais" SEM RESOLVER O PROBLEMA.

Só em 2010 foram quatro relatórios internacionais que sublinharam a questão.
É uma luta constante e contínua, ano após ano, em detrimento de posseiros e grileiros de terras ou ainda uma faceta da agricultura brasileira - na 'muleta' de que estão gerando emprego e alimento - em detrimento aos direitos indígenas, sua história, sua cultura.

A edição da Revista Caros Amigos especial ano XIV Nº 51 outubro de 2010 é muito relevante e aos interessados deve ser lida na íntegra.

Neste destaque da matéria citada, fazemos uma referência para a ausência de projetos e uma agenda para os direitos das populações indígenas.
Enquanto o governo populista não apresenta um projeto e uma agenda de proteção aos direitos dos indios brasileiros, a coragem dessa população-mãe, aqui na nossa terra, continua respirando pela mídia.

Nosso título faz uma homenagem a coragem do povo indígena, dizendo VIVA!

Viva sim! Viva os Guaranis, os Tupinambás! Viva o índio do Xingu!
Viva o índio brasileiro.

PS: o crédito da foto é de Rosa Guaditano.