A situação do meio ambiente, não por diferente, está em estado de alerta, de observação e de cuidados, nada tem sido fácil essa é a verdade. O quadro atual na realidade operacional é de estranheza, no minímo.
Acho que nem precisa re-situar a cronologia ambiental e os avanços tecnológicos. Mas! por outro lado, o que vem o ocorrendo na prática e políticas ambientais, são indicativos de retrocesso, ou qualquer outra palavra como desconexão, atraso, decadência e até mesmo sucumbência.
Veja bem o que está acontecendo no IBAMA, sob efeito das descentralizações das fiscalizações que passam a ser regionalizadas em Estados, descaracterizando a autonomia do órgão - símbolo da história ambiental brasileira. Um artigo é sugerido "Restará ao Ibama a fiscalização de galinheiros?" - uma sugestão de leitura. As mudanças são comemoradas pela bancada ruralista, que anda mandando e desmandando no que podemos entender como projeto ambiental de butique.
A ministra do meio ambiente parece estar linearizando todos os caminhos ambientais, como se estruturando uma cartilha prática, para ensinar na prática um passo a passo de tudo ficar regularizado. Nossa! coragem demenos para um país tão rico e detentor da maior biodiversidade do planeta. Meio Ambiente não é uma receita pronta em que a agilidade é sinal de eficiência ambiental. Pelo contrário, leve o tempo que for, mas os processos ambientais devem ser analisados a contento e complexidade que merecem.
Muito oportuno seria ampliar equipes técnicas e grupos de trabalho, efetivar ciência e traduzir coerência que o momento temporal merece. Aliás à altura do Brasil e seu capital ecológico. Mas o ministério que agilizar prazos e descomplicar licenciamentos, 'vendendo fácil o que não tinha preço'. Numa feira livre o produto seria mais protegido pelo seu empreendedor; desculpe claro a grosseiria da comparação, dando sua devida proporcionalidade. Meio Ambiente assim na contramão do seu próprio fluxo.
O artigo 'Governo estuda flexibilizar leis ambientais para acelerar obras' é só um aperitivo para quem deseja entender o que está acontecendo. Faça uma pesquisa crítica sobre as atualidades.
Junta-se a reforma do código florestal, a anistia a desmatadores, a desqualificação das APPs, tudo numa salada que está sendo proposta na real em um raio de um ano. Muita emoção para projetos ambientais sérios e profissionais que atuam, que trabalham de forma criteriosa - uma boa dose de frustação. " De repente o mundo inteiro está ao contrário e ninguém reparou..."
Paralelo a Belo Monte, a bola da vez é o Porto Sul, em Ilhéus. Projeto que tem no seu bojo um desmantamento muito grande de mata atlântica em região com registro oficial de maior biodiversidade, dando lugar um pátio de armazéns visando escoamento pela Ferrovia Oeste-Leste de produtos variados.
O projeto envolve retirada de milhares de famílias e a completa alteração da área em representação de sua histórica vocação. O Ibama deve nos próximos dias dar seu parecer a favor ou não. Mas em todos os projetos ambientais dos últimos tempos, você se lembra de alguma vez que a resposta foi não? Leva a gente a pensar se os estudos ambientais têm cumprido alguma vez a sua função de balizar para a negativa ou alterações profundas em atuações que denotam impactos ambientais de alto risco.
Os projetos ambientais, pelos relatos de textos de outras postagens, pela ciência, estudos históricos, tiveram a duras penas a legislação como seu amparo e sua caracterização formal, até aqui. A partir daqui parece que nem mais a legislação ficará a favor dos projetos ambientais, restando reunir os cacos que estão sendo traçados no caminho, para senão fazer o que, do que reunir forças para um recomeço. Neste caso, nem parece recomeço, já que o plausível em lutas históricas por um tema como o meio ambiente na menor dimensão, já inimaginável, seria estagnar; mas retroceder?
Um banho de água bem fria não acha?
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