instituto projetos ambientais, em revista

O rio de oportunidades



      Diz-se do Meio Ambiente como um campo intrincado e um nicho de mercado infinito - técnico, científico, profissional, cultural e politicamente capaz até de impulsionar novos paradigmas e modos de viver, mais próximos de resultados gratificantes para o trabalho e para o pessoal de quem se envolve com esse tema. E o é.

    Vê-se também, por outro lado, resultados na forma com que atores-decisores do campo político estão transformando as conquistas históricas e décadas de pesquisa em ações impulsivas, planos impensados e destoantes dos fundamentos científicos e dos riscos ao próprio meio ambiente e às populações. Constata-se que a Sustentabilidade está de fato no discurso.

     Não é díficil ver profissionais dizerem que a teoria é diferente da prática. São suplementares. A prática é a execução da teoria, e a teoria avança e se sustenta pelas respostas práticas,  tornando-se insensato a parte que diz o contrário. Se a legislação diz que a faixa ciliar é de 30 metros, não são 15 nem 10. Visto que a legislação se sustenta em critérios e padrões que levaram a este valor. E o que se tem na realidade, quando se quer distorcer teoria e prática, são usuários que por falta de formação técnica ou compromisso ético adoram se sustentar na ilegalidade. Ou imoralidade ambiental. Parece que de certa forma isto vem ocorrendo em amplitude.

     E onde moram então as oportunidades?
     O primeiro passo diria estar numa boa formação. Boa e sólida. Séria.
     O segundo passo diria estar na crise. A crise sempre é boa para se reverter situações. Esse emaranhado de situações pela descaracterização ambiental irá levar à decisão profissional. Grupos que vão seguir a cartilha do tanto faz e grupos que irão se impor pela sua identidade profissional e pela história ambiental, em termos científicos e coesos às premissas da gestão ambiental - políticas, planejamento e gerenciamento.
     Traçado esse divisor de águas - seja para quem estiver na condição de ator-decisor - o grande fator gama ou coeficiente de segurança ambiental estará na qualidade de seus projetos ambientais.

                                        Yf = [ projeto . Yp ] + CDA

      Ou seja, o coeficiente final de segurança será igual ao projeto ambiental com seu próprio coeficiente mais as correções por disfunções ambientais (CDA). CDA é o resultado analítico das lógicas e modelagens que corrigem erros como a não existência de matas ciliares em bordas e rios e afluentes (mesmo que legalizadas). Sendo fato que a conservação de recursos hídricos, por exemplo, é um conditio (condição sem a qual o projeto poderá ser contestado em qualquer tempo e espaço). Ou usar do princípio da tutela para desaqualificar o projeto.

     Os profissionais que não se alinharem a esta realidade pró ambiental no contexto de um futuro sustentável estarão avessos ás oportunidades. Voltemos a elas.

     - Um exemplo está na plataforma 'Faça Projeto' do Fundo Nacional de Meio Ambiente - um software aberto que permite entidades ambientalistas, prefeituras, consórcios intermunicipais, parcerias com instituições de ensino e pesquisa encaminharem projetos solicitando recursos em duas modalidades: demanda induzida e demanda espontânea. A categoria demanda induzida está alinhada a editais (montates ainda tímidos - em torno de 5 milhões em projetos entre R$ 300.000 e R$ 500.000) publicados de tempos em tempos - iniciado em 2005 sobre projetos para reflorestamentos de nascentes e rios. A ccategoria demanda espontânea é aberta e os projetos podem ser encaminhados em diferentes períodos do ano. Ao que consta o uso desse canal ainda é baixo. Deveria estar estourando projetos ambientais, de forma mesmo a forçar novos editais e investimentos, e mesmo que seu projeto não seja considerado apto na primeira vez, é um balizador para as equipes. E assim se inicia um caminho de comunicação pela arrecadação de recursos. Essa plataforma é elogiada por vários países do mundo, e aqui no Brasil muitos nem conhecem.

     - Os diversos problemas ambientais - urbanos, rurais e industriais - são outro rico caminho. Como exemplo, enchentes, respostas climáticas, agregação de valor com elementos de sustentabilidade, economia verde, legalidade e sustentabilidade, práticas sócio-ambientais, saneamento ambiental, gestão de recursos hídricos, produção mais limpa, gerenciamento de áreas contaminadas; estes e outros são segmentos que demandam projetos e acaba os tendo só de forma prática e paleativa. Por que? Porque não há a cultura de bons projetos ambientais. Algumas regiões e grupos possuem o projeto desde a equipe técnica especializada à exequibilidade qualitativa e atendendo a um delta t - coeficiente temporal planejado. Equipes melhores estruturadas e cientistas de ponta já estão mapeando áreas estratégicas, ao alvo de políticas govenamentais e chamadas, produções de projetos. Em concomitante profissionais engajados também estão nesta trilha, visando consultorias ou produtos afins.

     - O complexo campo jurídico em meio ambiente e seus instrumentos ainda mais de vitrine do que de laboratório, deverão complementar tudo isso. As demandas judiciais e projetos viáveis ou não, técnicos ou não, científicos ou não, de desejo da região ou de uma tutela pela incompreensão das massas populares, tornarão os direitos difusos algo tangível, alcançavel e compreendido pelos grupos e sociedade.

    - Produtos, serviços, linguagens, e tecnologias que ainda estão inacessíveis deverão ser exploradas largamente impulsionando uma economia própria. Isso irá bombar em algum momento. O entrave ainda está na tal da cultura anti-ambiental (pró economia convencional) a ser vencido. Mas está mudando, veja aí a iniciativa em juntar música, rock e sustentabilidade, num mega evento - comece com você; que acontece agora em Novembro em Paulínia-SP.

Mesmo já com grande grupo de profissionais em meio ambiente, estes ainda estão travados na formatação de atender a burocracia ao invés de ambientá-la ao contrário (pró ecologia). Não estamos falando de pesquisadores autonômos e ativistas ecológicos, ambientalistas conscientes do seu trabalho. Estamos falando de uma maioria que critica estes e também atua na área ambiental. Falta coerência no exercício da profissão, também.

Mas o que de fato se pode notar, é que ao invés de um rio desponta sim um oceano de oportunidades! Tá esperando o quê? Seja bom.

crédito da foto: Estratégia do Oceano Azul

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