instituto projetos ambientais, em revista

O que ficou da Rio +20....

   
Imagens de STM da molécula de água antes (a) e após (b) dissociação em Ah, e antes (c) e depois (d) dissociação em Oxigênio. 
Fonte: RIKEN Instituto Avançado (2010). Page Top

  Muito se ensaiou para esta Conferência da Organização das Nações Unidas - ONU sobre Desenvolvimento Sustentável ou se preferir Sustentabilidade do Desenvolvimento.
     Todavia vale lembrar um pouquinho da história ambiental - na década de 50 o modelo de desenvolvimento industrial com fábricas rodeadas de vilas de trabalhadores, e o modelo estatal americano fortemente alicerçado no capital e lucro.
     Não resta dúvida que a era que se consolidou pós Revolução Industrial trouxe um modelo de desenvolvimento pelo desenvolvimento capital, e isto implicou diretamente na saúde ambiental e humana.
    O Clube de Roma em 1968 implicou numa forte pressão sobre os países industrializados e sem legislação ambiental - criou-se o NEPA e legislações ambientais espalharam-se pelo mundo. Surge o EIA/RIMA e suas perspectivas como instrumento de planejamento e gerenciamento do meio ambiente.
     Em 1992 a Eco-92 ou Rio-92 e a proposição da Agenda 21 - que acabou muito mais no papel que na prática.
     Aliás parece mesmo isso, os países desenvolvidos ou também chamados de países ricos, desde o Clube de Roma e mais recentemente em 1983/1987 com a publicação do termo Desenvolvimento Sustentável, estão se esquivando com base na premissa de que se não queremos mudar o modelo de desenvolvimento, então mudamos o discurso, isso mesmo o discurso- vamos adotar um termo genérico e lindo - que tal disseminar o Desenvolvimento Sustentável. Mas e a realidade, e as respostas ambientais, e os resultados analíticos de água. solo, clima, ar? E o crescimento populacional e o desarranjo das cidades? E as florestas?
      Sem dúvida o limite do discurso parece ter fim.
      E a Rio +20, o que ficou?

      De forma pessoal, preferi não criar expectativa nenhuma, talvez por isso mesmo, venho escrever que alguma coisas boa ficou. Gostei muito do movimento das prefeituras que se organizaram de forma paralela - visto que já defendo o fortalecimento do poder local organizado há algum tempo.
      Também a oportunidade de falar, discutir o tema ambiental - as massas nem sabem bem o que é isso. Estar em voga na mídia não deixa de ser um começo, tudo bem recomeço, mas já era tempo não acha?
     E muitas experiências foram mostradas, protestos, manifestos diversos e tribos ecléticas. Deveras escoaremos pelo ralo político, mas esse ralo em algum momento será cada vez mais pressionado pela opinião popular e técnica, científica - por isso a consciência ambiental é uma meta, um objetivo que precisa perseverar.
     Ficou um documento tímido, mas o Brasil com sua pouca expressão cultural em meio ambiente - perto da proposta desastrosa recente de mudanças no Código Florestal - e com uma vasta natureza peculiar - e sua gente lutando por emprego e oportunidades - fez até demais depois de assumir a liderança pela finalização do documento. Acho mesmo que fez além de suas forças ambientais. Você pode até dizer que é uma utopia, mas além de muito trabalho, a questão ambiental merece ao menos uma gota de esperança e sonho, ou você  não acredita nos seus filhos e descendentes?


      Então tá na hora, faça por eles - isso é Desenvolvimento Sustentável.Sonhe mas faça!

Resultado da enquete 'Recursos Hídricos'


O resultado da última enquete - sobre recursos hídricos - ficou assim, de um total de 8 votos:

a) plano nacional, outorga de direito de uso, cobrança pelo uso da água, enquadramento dos corpos d'água,
sistema de informações e compensação a municípios (25%) 2 votos
  
b) plano nacional, outorga de direito de uso, cobrança pelo uso da água, classificação das bacias hidrográficas,
sistemas de informações, e compensação a municípios (25%) 2 votos
  
c) plano de bacia hidrográfica, outorga de direito de uso, cobrança pelo uso da água,
mapeamento dos rios brasileiros, sistemas de informações e compensação aos Estados (12%) 1 voto

d) plano nacional, outorga de direito de uso, cobrança pelo uso da água, enquadramento dos corpos d'água,
sistemas de informações e compensação aos Estados (0%)

e) plano de bacia hidrográfica, outorga de direito de uso, cobrança pelo uso da água, sistemas de informações e
princípio usuário-pagador e poluidor-pagador (37%) 3votos

Acertou quem optou pela letra A - de acordo com a Política Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, os mecanismos para execução da Lei 9.433 / 1997 são : o plano, outorga, cobrança, enquadramento dos corpos d´água, sistema de informações e como consequência a compensação a municípios.

Vale esclarecer que a temática Recursos Hídricos assumiu "vida própria" dentro do grande tema ambiental, ou seja, tem leis próprias, princípios, instrumentos de controle, tornando-se pela Hidrologia e Hidrogeologia - ciências particulares, específicas e com conceitos e fundamentos bem delineados, assim como campo científico e, sem dúvida, torna-se um dos maiores desafios - garantir água em quantidade e qualidade suficientes para abastecer as gerações futuras. 

Velhas notícias recortadas de jornais de folha como engrenagem viva para criativas práticas e projetos ambientais




       A concepção do Blog 'Projetos Ambientais' surgiu por uma identidade técnica, de mostrar conceitos, fundamentos, e caminhos para a elaboração de projetos ambientais com base em critérios e postulados da ciência. Incorporar respostas que tenham credibilidade e assim pensar na troca de experiência e funcionabilidade das respostas ambientais positivas.

      Mas informar é também adquirir uma linguagem que se faça compreender, que se faça aceitar, senão mesmo o melhor projeto com os maiores critérios, pode acabar se tornando inviável, mesmo que cheinho de boas intenções.

      Na postagem de hoje encontramos alguns recortes de publicações jornalísticas sobre o meio ambiente e como buscar entende-lo para então cuidá-lo. O mundo ficou tão rápido que uma matéria incrível às vezes passa em vão,e no outro dia o jornal já é velho, inútil. Nem mesmo ainda abasorvemos a informação, seu propósito e o mais importante, sua possibilidade de se transformar em ação- e já estamos querendo outra novidade. Parece que isto se reflete nas relações de consumo e de existência. Um caso a se pensar.

       Vamos às velhas possíveis notícias atuais? (De um jornal que estava adormecido em casa e já na fila para o lixo/reciclagem). É interessante colecionar notícias de jornais de folha. Ou relê-las antes do descarte, a cronologia pode se transofrmar num mero detalhe.

= NEM TUDO DEVE IR PARA O CAMINHÃO DE LIXO = O Brasil é o país que mais descarta computadores pessoais per capita - 0,5 por habitante - segundo dados da ONU ( Na China é 0,2). O número dessas máquinas vendidas no país sobe 15 a 20% ao ano;em 2010 atingiu 13,3 milhões de unidades (deacordo com IT data). O celular passa de item cobiçado para peça pré-histórica em questão de meses. Imagine esses equipamentos e mais ainda, baterias de carro, exames de raio X, lâmpadas fluorescentes, e outros, sendo descartados de forma comum. As baterias de carro contêm chumbo que gera problemas ao sistema nervoso, enfraquece os ossos, causa anemia. Se depositados no solo podem atingir o lençol freático e tornando a poluição a oferecer maiores riscos de exposição ao ser humano. As lâmpadas contém fósforo e mercúrio que são cancerígenos, além de prejudiciais aos rins e ao fígado. "Jogar lixo no lugar certo ajuda a sustentabilidade do planeta e a preservar nossa própria saúde, significando economia e aproveitamento de matéria prima." Onde descartar? Alguns pontos ( o texto completo em Folha de São Paulo especial pelo dia do meio ambiente - 5/6/2011):
= O PLÁSTICO COM DIAS CONTADOS = O cenário começou a mudar a partir de Janeiro de 2012 quando os supermecados estarão proibidos de distribuir sacolas plásticas. "Proibir apenas não resolve,éprecido haver ações combinadas envolvendo educação ambiental,comunicação,ampliação da coleta seletiva,por ecemplo" diz Adriana Charux do Instituto de Defesa do Consumidor (IDEC). Vejamos sobre as sacolas:

                                 Sacolas Plásticas                      Ecobags                           Sacolas de papel
Material                  plástico a partir de derivados       lona, algodão, fibras           papel craft grosso
                                 de petróleo                                 vegetais,plástico reciclado

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Impacto                   levam 200 a 400 anos para          podem ser recicladas               Degradam-se em 2
                                se degradar; espalham e                algodão e fibras decompõem   a 5 anos sem gerar
                                entopem bueiros, contaminam        em pouco anos                       substâncias tóxicas   
                                animais                                                                                         100% recicláveis
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Custo                       barato                                        médio                                       alto
                                 não custa nada para o                 Os preços variam,uma sacola     poucos locais
                                 consumidor                                  retornável não sai menos que     distribuem
                                                                                    R$ 2,99                                     0,50 cada uma
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Reutilização            baixa                                          alta                                            média
                                 rasgam com facilidade                 vida útil longa                              só para transportar
                                                                                                                                      produtos secos
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= DESING SUSTENTÁVEL = que permite menor consumo de energia e uso de materiais recicláveis caminha a passos lentos no Brasil. Enquanto na Europa já são usados telhados e vidros autolimpantes, feitos com nanopartículas que "comem" a sujeira e a poluição, no Brasil são poucas as construções que tem painéis de energia solar e sistemas de reaproveitamento de águas de chuvas. Um exemplo: na próxima vez que você entrar no banheiro de sua casa, olhe o vaso sanitário.Se for equipado com avelha válvula de parede ,o equipamento estará fazendo mal tanto para o ambiente quanto para o seu bolso. Durante um mês, os disparos dos botões da descarga podem representar 30% do consumo de uma casa. Uma valvula de parede joga esgoto abaixo com 2 litros/água/segundo.Em 10 segundos são 20 litros. Se cada membro de uma casa com 4 pessoas for duas vezes ao banheiro por dia,em um mês,serão gastos apenas com a descarga 4,8 mil litros. "Hoje com as caixas acopladas deduplo acionamento (urina e fezes) ,de três a seis litros, a economia pode ser brutal" diz Martha Nader arquiteta especialista em sustentabilidade.O chuveiro é o segundo item que deve ser avaliado. Outros projetos como Ecotelhados também devem ganhar espaço; as novas gerações não querem morar em casas que agridem o meio ambiente,já é um fato.

= MODA URBANA = a confecção Éden,de Conchas no interior de São Paulo,compra algodão de 150 familias produtoras do Paraná, Minas Gerais,Goiás e do Mato Grosso do Sul, que são orientadas a não usar pesticidas na plantação. Durante a fabricação das roupas (calças,saias, vestidos e blusas) são utilizados apenas corantes naturais ,como urucum e índigo. O empresário Jorge Yammine proprietário da marca com um loja na Vila Madalena em São Paulo, diz que pretende aumentar pontos de venda e lançar franquia. De 2009 para 2010 o volume de receitas aumentou 300%. "Atendemos a um desejo do consumidor".

                             Assim, sempre reproduzir aqui informações e notícias jornalísticas à difusão da comunicabilidade em mídias diversas compõe o objetivo técnico do blog, ou seja, da teoria à prática, numa combinação que sempre deve se harmozinar para a realidade em metas para reais e concretos projetos ambientais.

                            É uma longa estrada, apenas é preciso iniciar a caminhada, o que se pode dizer pela tal 'consiência ambiental'. O abraço das águas!

                                   PS: Vou ainda guardar o jornal velho, usado hoje, por mais algum tempo. Veja só parte dele já virou notícia nova. A velocidade do mundo nem sempre é aquela que faz bem ao ambiente e a nós mesmos.
                                        

Da Rio-92, o que esperar 20 anos depois?


Crédito: http://rebal21.ning.com/forum/topics/rio-92-contribuicoes-ao


    A Rio-92 foi um dos maiores acontecimentos ao propósito de se criar uma agenda ambiental, assim por dizer um marco regulatório nas discussões ambientais, pelo menos em intenção.
    A reunião que aconteceu no Rio de Janeiro reuniu cerca de mais de 170 países, marcada para Junho de 1992 tinha por finalidade essencial decidir quais as medidas urgentes a serem adotadas em conjunto por todas as nações do mundo (sendo uma realização da ONU) para evitar, se ainda for possível, o fim da vida na Terra.
Um texto interessante e usado como referência nesta postagem se trata do livro ‘A Farsa Ecológica’ de Roberto Freire, assim com algumas transcrições, para nossa reflexão.

“As evidências políticas e científicas dos últimos anos colocam-me entre aqueles que acreditam havermos chegado ao ponto de viragem biológica, a partir do qual a natureza não suportará mais as atuais agressões a sua ordem, ao seu equilíbrio e à sua essência.”

“Faltando cinco meses para a Rio-92 e levando-se em conta que este poderia ser o mais importante evento internacional do século visando o futuro da humanidade, parecia-me sintomático e ao mesmo tempo ‘bandeiroso’ demais o aparente descaso da mídia, que se limitou a pequenas notícias sobre os encontros e debates preliminares que vinham ocorrendo há meses, em várias partes do mundo.”

“Durante os meses de outubro, novembro e dezembro de 1991 pesquisei pessoalmente o que publicavam os jornais e revistas brasileiras a respeito do encontro. Tanto em quantidade como em qualidade tratava-se de informação muito pobre, magra e, frequentemente, tendenciosa. Nada foi divulgado pelos Ministérios ligados à educação, à cultura, à ciência e à tecnologia, nem pela universidade brasileira.”


“Como confiar na palavra ética das grandes potenciais mundiais, participantes e líderes da Rio-92? Será que os países possuidores de usinas termonucleares se dispõem a revelar relatórios honestos sobre a realidade dos riscos a que estão submetendo seus povos e meio ambiente, e a vida no planeta? Ou terão comportamento como dos Estados Unidos quanto aos acidentes ocorridos lá e que foram ocultados de seu povo? Ou agirão como a União Soviética no caso de Chernobyl, acidente que só foi comunicado apenas quando países vizinhos detectaram a presença anormal de radiação em seus territórios? (trecho de artigo publicado no Jornal Estado de Minas em 8 de novembro de 1991, tido como um dos mais inteligentes textos para a época)”


“Não é de se estranhar a importância que a mídia deu, durante os três últimos meses de 1991, à participação dos empresários na Rio-92, divulgando suas ideias. Todo esse trabalho de divulgação, sempre em torno da tese central que propõe desenvolvimento econômico e tecnológico com atenuação dos prejuízos ambientais consequentes, foi custeado pelos próprios empresários, com aplicação de alguns milhões de dólares. Inclusive em seus cálculos eles já descobriram quanto deve custar o que eles chamam de ‘desenvolvimento sustentado’: um trilhão de dólares. E já possuem data para estabelecê-los entre 1992 e 2002.” “Essa quantia equivale ao que se gasta em 14 meses na produção de armamentos e geraria 131 ações práticas que visariam ‘integrar conservação e desenvolvimento; a conservação para limitar nossas agressões à capacidade que a Terra tem de suportá-las e o desenvolvimento para permitir que as pessoas possam levar vidas longas, saudáveis e plenas em todos os lugares.” “Isso diz o documento Caring for the Earth (Cuidando do Planeta Terra). Fruto de três anos de trabalhos de 700 especialistas, está sendo lançado em cerca de 70 países, inclusive o Brasil. Foi elaborado pela WWF (Word Wide Fund for Nature ou Fundo Mundial para a Natureza) com quatro milhões de associados em todo o mundo. (Jornal da Tarde, 24.10.1991, apud Freire, 1992).”


“Os militantes das ONGs vão protestar sempre que algum pronunciamento oficial os desagrade. Eles estão montando um aparelho para medir a sinceridade dos governos presentes à Rio-92. O aparelho foi apelidado de ‘mentirômetro’, uma estrutura retangular com dois metros , 15 lâmpadas coloridas e oito buzinas diferentes, que vai ser instalado no estacionamento do Riocentro – onde a reunião oficial terá lugar.”


“Era então fundamental estarmos lá, presentes e ativos, sobretudo para evitar a fraude e a farsa em que a Rio-92 poderia se constituir, numa espécie de vitória diplomática – ganha nos gabinetes oficiais e papéis inúteis da ONU – na qual os países capitalistas do primeiro mundo fariam falsas promessas, deturpariam pesquisas, para evitar, ainda desta vez, sua rendição. Eles preferem o suicídio – desde que acompanhado de genocídio – à capitulação. Não vamos permitir. Vulcões inativos e silenciosos há séculos, de repente voltam a explodir incontrolavelmente. Não entendemos porque existem vulcões, nem porque silenciam e nem porque voltam a funcionar ameaçadoramente. É assim.”


Crédito da foto: http://essetalmeioambiente.com/rio20-economia-verde-desenvolvimento-sustentavel-e-erradicacao-da-pobreza/


     20 anos depois...

     Nesse período que antecede o evento da Rio +20 e a estruturação de sua realização, já se afirma, por parte dos cientistas, que o evento não priorizará as questões ambientais.
     Possivelmente o reflexo da cultura brasileira como país organizador (ainda sem uma agenda ambiental vigente) e sua antítese ao crescimento a qualquer custo, em face de ser, por exemplo, o maior produtor agrícola, torna a questão ambiental inacessível ao seu real teor - de problematização e de ações positivas para soluções de um tema sistêmico.
     20 anos depois ainda parece estarmos começando... clique e veja uma das matérias desta semana.


Referência                                   


Freire, R. A Farsa Ecológica. Rio de Janeiro-RJ: Ed. Guanabara, 1992. 102 p.

O mundo está ao contrário e ninguém reparou

Cada vez menos se tem dúvidas de que parece mais que o clima do planeta está mesmo destemperado. Um destempero que não gostaríamos, visto que o objetivo ambiental é sem dúvida dar mais segurança e qualidade de vida para as pessoas, só falta elas mesmas acreditarem nisto.

     O atual inverno rigoroso em parte da Europa, Ásia e alterações outras em diferentes partes do mundo, marcam este início do mês de Fevereiro de 2012. Hoje, 06/02, na Liguria região da Itália registra-se 21 graus negativos, levando os italianos a situações incomuns.

     No Brasil, todo inicio de ano, já começa a ficar comum enchentes catastróficas com resultados fatais, sendo registrado neste ano o contraponto da região Sul com uma seca não menos custosa, com danos e custos de perdas bastante consideráveis.

    Recentemente, início de dezembro de 2011, aconteceu em Durban a mais longa Conferência do Clima - a COP 17. O resultado: não houve pacote ambicioso ou suficiente para permitir cumprir a meta de limitar o aquecimento global de 2º C. Veja bem, limitar, nem está se falando em reduzir, o que parece ficará no imaginário das futuras gerações.

     " Os textos do segundo período de compromisso do Protocolo de Kyoto (que continua valendo até um projeto de reforma) e das chamadas ações longo prazo - que determinam o que as nações farão daqui a 2020 - foram amplamente rejeitados por nações em desenvolvimento por serem considerados pouco ambiciosos (Folha SP, 11 Dez. 2011)."
      A Conferência estendeu-se pela noite de sábado e no domingo ainda autoridades que já deviam estar em suas casas, ainda estavam em Durban. O espírito desta noite de discussões (sábado) foi denunciado pela negociadora venezuelana Claudia Salerno: "Precisamos aceitar esta frouxidão porque nossa frustação e nosso cansaço nos leva a aceitar qualquer coisa"?
     O melhor do resultado de Durban: ministros e diplomatas acordaram produzir um mandato de negociação de um novo acordo como força de Lei para todos os países. (?)
     Nos bastidores falava-se em em suspender a COP 17.

     De uma forma simplista, e um pouco de exercício de percepção, pouco mesmo, se poderia afirmar que não se precisa reunir cientistas e resultados sofisticados para entender que as respostas climáticas estão cada vez mais complexas, mais dependentes de altos investimentos econômicos, mais devastadoras sobre a qualidade de vida humana, mais propensas à exposição aos riscos e segurança em correspondência aos modelos de cidades e suas ocupações, mais incertas ao processo agrícola, mais distantes do histórico modelo de engenharia, e infelizmente mais oportuna para a engenharia de emergência e projetos ambientais no gerenciamento de riscos.

     Seria bom fazer essa reflexão. Qual? A de que um pacote de medidas preventivas, ou corretivas para o que já se devastou até aqui, assim como a adoção do objetivo claro de preservação, conservação e produção de água - recursos hídricos - e uso de uma matriz energética mais limpa é o básico para um 'quem sabe' estabilizar da situação. O Clima é um campo intricado e cheio de incertezas, probablístico por assim dizer, um desafio tentador para qualquer cientista. Mas mesmo eles parecem estar assutados com o adiamento das decisões. É, parece mesmo que o mundo está ao contrário, mas ninguém quer reparar!

A ideia de um projeto de pesquisa - base para novas ideias


AVALIAÇÃO E CONSTRUÇÃO DE MODELOS INTEGRADOS EM PLANEJAMENTO AMBIENTAL ESTRATÉGICO: SINERGIA ENTRE MUNICÍPIOS, BACIAS HIDROGRÁFICAS e POLÍTICAS PÚBLICAS

(exemplo)

I. Fundamentos e Contextualização

      O Planejamento Ambiental e Urbano traduz-se como parte da ciência necessária às premissas de compreensão do espaço e das formas de ocupação territorial, aos objetivos de buscar alternativas, aplicação de tecnologias e desenvolvimento de novas metodologias para uma visão de Sustentabilidade , ou seja, traduzir sinergia entre referências de distintas “áreas” de estudo e a minimização de impactos ou a conservação sobre estoques de reservas de recursos naturais. 
     Todo eficiente processo de Gestão (ato de administrar) deriva de concretos e integrados sistemas de Planejamento. Associando-se assim diversos pontos teóricos derivados de Santos (2004). Ou seja, postulando nesta proposta de pesquisa bases conceituais relevantes e fundamentadas nos princípios do Planejamento Ambiental. Tratando o Planejamento Ambiental como uma ciência e não apenas ferramenta. O Planejador é um analista do meio que deve apresentar e dar consultas, sempre que necessário, aos tomadores de decisão (indo assim ao processo de Gestão). Embora grande parte do Planejamento seja baseada em fases técnicas, as decisões a serem tomadas dependem daqueles que sofrem ou deverão sofrer as alternativas propostas, dos gerenciadores locais e de todos aqueles que se preocupam com os destinos da região. Portanto, é necessária a participação da comunidade para que seja um processo válido.
     Destaca-se a questão das cidades e o debate que circundou a elaboração da Política Nacional de Habitação no Brasil, ao longo do ano de 2004, tendo como partida a criação do Ministério das Cidades ocorrida no ano anterior. A Política Nacional de Habitação (PNH) como cita Souza, Denaldi e Santa Rosa (2008), é regida pelos princípios do direito à moradia (CF/88), da moradia digna como vetor de inclusão social, da função social da propriedade urbana, da gestão democrática com participação dos diferentes segmentos sociais e, da articulação das ações de habitação à política urbana de modo integrado às demais políticas sociais e ambientais. A PNH tem como principal objetivo promover as condições de acesso à moradia digna para todos, especialmente para os segmentos e baixa renda, historicamente excluídos, com os quais há uma enorme dívida a ser resgatada.
     Em contrapartida à compreensão, a história ambiental brasileira firma-se na década de 90 com a criação da Secretaria Nacional de Meio Ambiente, que posteriormente transforma-se em um ministério. Diversas legislações são publicadas especialmente a partir de 1980; sendo nesta transição de décadas que se estabelece a terminologia ‘Desenvolvimento Sustentável’; o termo ganha uso em diversas correntes e discursos. Em 1997 define-se pela Política Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos a Bacia Hidrográfica como unidade físico-territorial de gestão. Nesta transição de três últimas décadas, cidades avançaram de forma desordenada sobrepondo-se aos recursos e vocações ambientais de regiões .
     Neste ponto, colocam-se as questões sobre se o poder local, ao criar representações, uma linguagem própria e um sistema de ações coletivas pode constituir-se em um efetivo poder político capaz de gerar uma esfera pública diferenciada do Estado Nacional. Este problema está posto na discussão de Biarez (1989) sobre o poder em diferentes tipos de cidades na França. No Brasil, identifica-se cada vez mais, a consolidação de um tipo de poder local que interage com o Poder Político Nacional, mas não constitui a sua simples reprodução. No tema ambiental e de Gestão de Recursos Hídricos a recomendação legal e o grande avanço encontra-se (também) na possibilidade da participação dos diversos setores da sociedade.
(discorrer)
II. Objetivos


     2.1. Dos elementos de paisagem – a construção de cenários ambientais e de ocupação territorial, a partir de núcleos populacionais, pela caracterização e integração ao universo das Tecnologias Ambientais – ora captadas por SIGs, identificações in situ (colheita e análise instrumental), instrumentos de planejamento e aparatos (como os planos diretores, planos de bacias, zoneamentos ambientais), caracterização da qualidade da água, uso de (bio) indicadores da qualidade geofísica e ambiental. Relacionando-se efeitos da dimensão humana e o recursos naturais.

2.2. De aplicação do Planejamento Ambiental: estudar a relação entre aspectos de ‘áreas’, ‘escalas’ e ‘tempos’. Conjugar essas vertentes próprias do planejamento ambiental: a área de estudo (relação urbano-bacia hidrográfica), associada às diferentes escalas de indicadores e relacionando a dimensão temporal – sazanolidade e história; neste caso com associação ao urbano. Buscando-se observar postulados resultantes dessa sinergia com as Bacias Hidrográficas e tendências nos fluxos de gestão. Buscando torná-lo um planejamento ambiental-estratégico.
 (adequar ao seu projeto)

III. Estratégias Metodológicas 

      A aplicação ou construção metodológica deve partir da busca por: compreender a essência nas pesquisas da Universidade Federal do ABC. Estudos e busca pelo ‘apreender’ ocasionado por autores diversos no tema especialmente urbano. Evidentemente, as proposições metodológicas partem da elaboração de um projeto em 1998, como nova linha de estudos. As estratégias propostas na construção de proposições metodológicas estão bem representadas nas Figuras 1(a), 1(b) e 1(c) abaixo identificadas, como um resultado obtido em avaliações técnico-científicas. 
     As Figuras apresentadas indicam resultados de compreensão do espaço por meio do uso de ferramentas tecnológicas e fundamentadas no Planejamento Ambiental e planejamento experimental (estatística), rede de monitoramento, laboratório de saneamento, geração de imagens de uso e ocupação do solo, avaliação do zoneamento com resposta visual e política, sobreposição de resultados, análise multicriterial.  
     Fundamenta-se como partida metodológica, a este desafio, a discussão feita por Ordoñez, J. L. (2006) no III Congresso de Engenharia, Território e Meio Ambiente, sobre o que considera Los Bordes de La Ciudad; refletindo sobre a fragmentação do território urbano atual. Durante muito tempo o zonemento significou um princípio teórico e prático de compreensão e planejamento da cidade – delimitação de núcleos, zonas, ordenanças – e no último quarto de século, essa análise morfológica dos tecidos urbanos, enriqueceu extraordinariamente o ‘simplismo funcionalista’, mostrando a riqueza e complexidade das formas urbanas.
(reconstruir) 

IV. PROJEÇÕES E CONSIDERAÇÕES

Um ponto temático chave que se espera combinar aos estudos são os elementos de demografia e partindo de cenários atuais e reais para a projeção de cenários futuros, com diretrizes integradas em estudos e pesquisas para melhoria da qualidade na organização do espaço-paisagem e uso sustentável dos recursos hídricos.
            Evoluir para a construção de modelos, partindo-se da experiência em Paulínia-SP, expressando novas formas de integração entre o urbano e bacias hidrográficas; analisando-se efeitos da dimensão humana nos elementos e estoques ambientais, ponderando-se sobre sinergia e fluxos de energia e matéria.
            Como no próprio projeto político pedagógico da Univesidade Federal do ABC, com nascedouro do ‘zero’ a apresentação do projeto se mostra como suscetível aos problemas de Território e Água em regiões metropolitanas, não sendo o destaque a região do ABC, que poderia ser a base de sustentação da proposta. Neste caso, a opção está voltada à formulação dos fundamentos e dos objetivos, assim com imparcialidade para o encontro no reconhecimento profissional e atuação em disciplinas.
      De forma final, valoriza-se, como suplementar ao projeto da UFABC, e ao anteriormente colocado que, a ênfase maior é a compreensão da paisagem e caminhos para sua readequação em função da meta sócio-ambiental e redistribuição espacial da população pela relação com os recursos hídricos. Somam-se as importantes abordagens tecidas ao redor do conceito de cidade-região e as menções de Klink (2001) explicitando logicamente uma interrelação entre o espaço de localização da UFBAC e as próprias compreensões outras entre economia, história e tendências na produção e formatos da dimensão urbana. O importante legado de Rolnik (2008) e experiências associam-se para início de estudos nesta proposição para carreira acadêmica. Contrapondo o que a socióloga Saskia Sassen conceitua como ‘cidade global’.
            Ab’Sáber (2009) referenda uma proposição conclusiva para esta proposta de projeto, com suas indicações, estudos, legado: Projetar o espaço construído só é possível com o entendimento do espaço natural. E essa questão é absolutamente intrínseca ao trabalho atual dos planejadores. Ao entender o que acontece no espaço natural é possível projetar o futuro e medir suas conseqüências - afinal, é no futuro que existe a obra construída, assim como o impacto causado na cidade e em seus habitantes.
(também pode ser intitulado 'considerações finais') 

V. Bibliografia Elementar

Ab’Saber, A. Um breve futuro da natureza. In: www.revistaau.com.br, acesso em 31 de Março de 2009.

Alves, F. V. Seleção de sítio e tecnologia para tratamento de esgotos: o caso de Paulínia-SP. Campinas: Dissertação de Mestrado, FEC/Unicamp, 2003.

Andreatta, V. Favela-bairro, um nuevo paradigma de urbanización para asentamientos informales – tecnologia para el desarrollo humano. Madrid:  Ed. Ingenieria sin Fronteras, cuaderno 03, ISSN: 1697-82X, 2005.

Biarrez , S. Le Pouvoir Local. Paris: Ed. Econômica, 1989.

Brasil. Lei 9.433 – Política Nacional de Recursos Hídricos. Brasília: 08 de Janeiro de 1997.

Brasil. Lei 10.257 – Estatuto das Cidades. Brasília-DF: DOU, Ed. 133 de 11/07/2001.

Campos Filho, C. M. Cidades Brasileiras: seu controle ou o caos – o que os cidadãos devem fazer para a humanização das cidades no Brasil. São Paulo-SP: Studio Nobel, 2001.

Carmo, R. L. A água é o limite? Redistribuição espacial da população e recursos hídricos no Estado de São Paulo. Campinas-SP: Tese de Doutorado, IFCH/Unicamp, 2001.

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Direitos Difusos - resultado da enquete


     Do livro Introdução ao Direito Ambiental, esclarece Ana Pellegrini Grinover citada por Carvalho (2001) "apesar de certa imprecisão terminológica , existem diferenças entre interesses coletivos e difusos: entende-se, por interesses coletivos, os interesses comuns a uma coletividade de pessoas, unidas entre si por um vínculo jurídico, numa relação básica perfeitamente indentificável: a sociedade comercial, o condomínio, a família, até o sindicato e certas associações profissionais congregam conjuntos de pessoas determináveis, ainda que com menor ou maior facilidade. Já nos interesses difusos inexiste a relação-base, sendo o vínculo que une as pessoas limitado a fatores conjunturais e genéricos, acidentais e mutáveis: habitar a mesma região, consumir o mesmo produto, subordinar-se a certos empreendimentos, sujeitar-se a contigências econômicas e sociais. Trata-se de interesses espalhados e informais à tutela de necessidades, coletivas e de massa, comuns a um conjunto indeterminado e extremamente vasto de pessoas."

Acertou a enquete quem assinalou a letra (e) - 25% das respostas.
Até a próxima!


Bibliografia

Carvalho, C. G. Introdução ao direito ambiental. São Paulo: Ed. Letras e Letras, 3ª edição, 2001, 274 p.